Exposição de Máscaras

Museu do Café lança programação 'Cultura Afro'


Da Redação

Traços faciais sulcados, fortes e expressões, por vezes, ameaçadoras, mas carregadas de significados. Essas são algumas características das máscaras africanas, acessórios usados pelas várias tribos daquele continente, e que ficam mais próximos com a atividade programada para o Museu do Café. Dentro da programação especial Cultura Afro, que acontece até sábado em homenagem ao Dia da Consciência Negra (comemorado dia 20 de novembro).



"Cada tribo africana possui as suas máscaras, são uma espécie de identidade. Os homens mais elevados espiritualmente as usam nos rituais. É uma forma de ceder o corpo às entidades (deuses) espirituais. Por meio da máscara, aflora (do corpo) o que há de bom e de mau", explica a atriz Juliana Bordallo. Ela conta que as máscaras são feitas em madeira e, depois, pintadas. Não são delicadas, ao contrário, os contornos das fisionomias são fortes. Por vezes, a máscara representa simbolicamente um animal, como a coruja ou o lobo.



Estudiosa há sete anos da cultura popular, inclusive a africana, a atriz dá aulas de artes cênicas na Fundação Casa, para 14 internos, de 13 a 18 anos. Eles participam do elenco que já montou algumas peças e as mostrou até mesmo fora dos muros da entidade. "Há poucos deles porque ainda persiste um certo preconceito de que teatro é universo de homossexuais. E há os que se interessam mas têm vergonha. Mas aos poucos eles vão descobrindo o prazer das aulas".



No início, Juliana Bordallo revela que sentiu um certo receio em trabalhar com os internos do perfil da Fundação Casa, mas esse temor logo se dissipou."Estou aqui há dois anos. Com o tempo percebi que é até mais fácil trabalhar com eles do que fora. Quando entendem os benefícios do teatro, se doam. As aulas, duas vezes por semana, os deixam mais relaxados e servem de reflexão".



Programação



As crianças de sete a 12 anos podem participar da narração lúdica sobre a criação do mundo por meio dos orixás. No sábado, visita gratuita ao acervo do Museu do Café durante todo o dia e, às 16h, show da Áfrico ao Brasil, do Centro Cultural Bambaê. Para a contação de histórias é necessário fazer inscrição prévia.



O Museu do Café fica na Rua XV de Novembro, 95 - Centro Histórico de Santos.