sexta-feira, 21 de outubro de 2011
Artes em diálogo na Unifor Plástica
Com 131 obras inéditas de 80 artistas, a Unifor Plástica traça um panorama da atual produção cearense, contando ainda com obras de artistas de nove estados brasileiros. Os selecionados serão revelados na abertura da exposição, às 19 horas, no Espaço Cultural Unifor
Diferenciar linguagens, definir estilos e categorizar obras de arte. Procedimentos que a curadoria da edição deste ano da XVI Unifor Plástica procurou abolir. A nova edição da tradicional mostra de arte será aberta hoje, às 19 horas, no Espaço Cultural Unifor. Os organizadores apostam em um novo momento das artes plásticas, pautado mais pelo diálogo entre as diferentes vertentes e linguagens, com obras que transitam livremente entre elementos da escultura, fotografia, pintura, vídeo e instalações.
O resultado da proposta foi um número recorde de inscrições: 415 obras, de 227 artistas, de nove estados brasileiros. Todas inéditas. Destas, foram selecionadas 131 para compor a mostra deste ano. Com a missão de dar visibilidade aos novos talentos e mesmo valorizar artistas já consolidados, a curadoria selecionou até dois trabalhos de cada artista, bastando para a inscrição o interessado já tivesse participado de, pelo menos, duas exposições coletivas.
O nome dos selecionados será revelado hoje à noite, com a abertura oficial da exposição. Curador da mostra, o artista plástico e professor de Belas Artes da Universidade de Fortaleza (Unifor) Pablo Manyé destaca a qualidade das obras, que dão uma representação panorâmica do que se está produzindo no País. "Temos pessoas muito novas com propostas bastante sólidas e pessoas que já têm uma linha, uma trajetória mais consolidada. Não podemos esquecer que fazemos um evento como este para dar visibilidade a estes artistas, para que se conheçam suas obras. Em outros países, talvez isso não seja necessário. Isso marca uma diferença quanto ao serviço que temos que fazer", destaca Manyé.
Esse ano, outra novidade foi a escolha do tema, "Arte e educação", para ser utilizado como referência para os artistas participantes. Pablo Manyé avalia que a proposta foi bem recebida pelos artistas inscritos, mas destaca que o tema não implicou na necessidade de ele estar expresso diretamente nas obras. "De alguma maneira, nós artistas temos um papel de levantar discussões na sociedade. Podemos melhorar certas dinâmicas, servir como um espelho para que a sociedade se veja", argumenta o curador sobre o papel educativo intrínseco às boas obras de arte.
Emoção
Membro da comissão de seleção, o também artista plástico e professor de Belas Artes da Unifor Carlos Velazquez destacou que o principal critério empregado na seleção foi a capacidade que a obra tinha de emocionar, um valor não quantitativo e de difícil definição teórica, mas que é mister, segundo ele, quando se trata de arte. "Acredito que o trabalho da comissão de seleção foi muito minucioso, criterioso e, portanto, honesto. Você tem sempre referência da técnica, da maturidade da proposta, da pertinência, todo um conjunto de condições. Mas, no fim das contas, o que define está para além: é a capacidade que a obra tem de emocionar", detalha o estudioso.
Velazquez também aponta o grande número de inscrições como um sinal da importância da Unifor Plástica, que tem consolidado sua dimensão nacional, e que tem como resultado direto atrair bons artistas. "Essa edição foi agraciada com um número surpreendente de participantes. Comparado às últimas três edições, esse número dobrou. Naturalmente, isso coloca o nível (das obras) em um patamar muito elevado em relação a iniciativas semelhantes e faz do trabalho de seleção mais complicado e rigoroso", comenta.
Premiação
A comissão de seleção das obras foi formada por cinco membros considerados de notório conhecimento em artes plásticas, sendo eles Carlos Velazquez, Paulo Klein, José Guedes, Heriberto Rebouças e Celina Queiroz. Para a comissão de premiação, foram convidados ainda João Cândido Portinari, filho do gênio modernista Cândido Portinari, e Marcelo Mattos Araújo.
Os três primeiros colocados recebem uma premiação em dinheiro no valor de 2 mil euros, além de uma viagem à Bienal de Veneza, considerada um dos mais importantes eventos das artes no mundo. Para o quarto e quinto colocados, o prêmio é uma viagem para a Bienal do Mercosul e R$1,5 mil.
Homenagens
Estão previstas algumas homenagens dentro da programação da mostra este ano. Uma delas será à artista plástica cearense Heloísa Juaçaba, que terá sua obra exposta numa mostra especial. Natural de Guaramiranga, Heloísa iniciou a carreira nos anos 50, na célebre Sociedade Cearense de Artes Plásticas (Scap), e teve trabalhos premiados em edições anteriores da Unifor Plástica.
Outro artista que terá sua obra em destaque é Portinari. Além de participar do júri de premiação, seu filho João Cândido Portinari irá ministrar uma palestra amanhã sobre a obra do pai e sua inserção no panorama internacional. Ele é detentor dos direitos autorais da obra do pai e dirige o Projeto Portinari, difundindo as criações do pintor Brasil afora.
MAIS INFORMAÇÕES:
XVI Unifor Plástica - Abertura hoje, às 19 horas, no Espaço Cultural Unifor (Av. Washington Soares, 1321). Visitação de 21 de outubro a 22 de dezembro, de terça a sexta, das 8 às 20 horas. Sábados e domingos, das 10 às 18 horas. Entrada e estacionamento gratuitos. Contato: (85) 3477.3400 e www.unifor.br
FONTE:http://diariodonordeste.globo.com/materia.asp?codigo=1058613