Foram quase 300 inscrições vindas de 18 Estados e de mais de 40 cidades
do país. A mostra Prêmio Diário Contemporâneo de Fotografia, lançado em
2010, chega à sua terceira edição consolidando-se como um grande painel
da nova fotografia brasileira. A abertura, reunindo obras de três
artistas premiados e mais 20 selecionados, ocorre hoje, a partir das
19h, na Casa das Onze Janelas. Amanhã será aberta a exposição “Para ter
de onde se ir”, do artista convidado Miguel Chikaoka, no Museu da UFPA.
O
Prêmio Memórias da Imagem, tema que norteia o salão este ano, ficou com
o Coletivo Garapa, de São Paulo. A fotógrafa paulista Ilana
Lichtenstein foi contemplada com o Prêmio Diário Contemporâneo e o
paraense Lucas Gouvêa arrebatou o Prêmio Diário do Pará. Eles estarão
presentes na cerimônia de abertura, quando receberão prêmios no valor de
R$10 mil, cada. Além da mostra, o evento traz ainda uma extensa
programação de palestras e oficinas que têm como objetivo discutir a
fotografia contemporânea no país.
“A fotografia contemporânea
pode ser tudo que o artista considerar como tal para o seu uso: e não só
diferentes suportes de movimento, volume e etc., como também o próprio
conteúdo gerado pela fotografia ‘moderna’ ou ‘clássica’, que pode ser
absorvido e vivificado mais uma vez. São camadas que se misturam, somam,
não esmagam uma à outra”, diz Ilana Lichtenstein.
Para Paulo
Fehlauer, do Coletivo Garapa, a característica mais marcante da
fotografia contemporânea é não estar restrita a campos específicos. “Nos
nossos projetos, buscamos sempre trabalhar o diálogo da fotografia com
outras linguagens, como o vídeo e a literatura. Estamos interessados
nesse hibridismo que expande o campo fotográfico”.
O projeto é
uma realização do jornal Diário do Pará e conta com o patrocínio da Vale
e Governo do Estado do Pará e apoio do Espaço Cultural Casa das Onze
Janelas do Sistema Integrado de Museus/Secult-PA, do Museu da UFPA, da
Sol Informática e do Instituto de Artes do Pará.
Artistas prestigiam mostra
O
paraense Lucas Gouvêa concorda com Lichtenstein. Para ele, que
participa pela primeira vez do Prêmio, nenhum conceito define a produção
contemporânea. “A fotografia hoje define o mais plural significado da
reprodutibilidade, se encontra em todos os lugares, nos celulares, nos
outdoors, nos documentos, na televisão, nos rituais humanos. E a
contemporaneidade está fatalmente ligada ao tempo, todo artista é
contemporâneo, ao seu tempo, à sua existência. Talvez o primeiro
fotógrafo contemporâneo, tenha sido Platão, quando escreveu sua Alegoria
da caverna”, sugere.
PRESENÇA
Além dos premiados,
estão em Belém fotógrafos e artistas visuais que tiveram obras
selecionadas para a exposição. As cariocas Patrícia Gouvêa e Isabel
Löfgren, por exemplo, apresentam duas obras “Rotas de Fuga” e “Lécture
sur L’herbe”. Aprimeira se constitui de um vídeo em três canais. A outra
é formada por uma instalação que conjuga vídeo e fotografia.
“Nestes
dois trabalhos, realizamos ações efêmeras que reconfiguram o uso do
Jardim da República, no Rio de Janeiro, como local de passagem ou de
repouso pelos frequentadores. Ora carregamos e trocamos de mãos uma mala
antiga pelas aléias dos jardins, ora permutamos livros retirados desta
mesma mala sobre o gramado. A mala é outro elemento importante neste
projeto, um receptáculo de memórias, desejos e referências”, explica
Patrícia, que está em Belém. Ela é fundadora-diretora do Ateliê de
Imagens Espaço Cultural (RJ), onde está em cartaz a exposição
‘Symbioses’, da artista visual paraense Roberta Carvalho, premiada no
ano passado pelo Diário Contemporâneo.
Pedro Hurpia, que também
participa da abertura da mostra, é Bacharel em Artes Visuais pela
Unicamp e tem diversos prêmios recebidos em mostras e salões paulistas.
“Esta instalação que estou apresentando no Diário Contemporâneo consiste
num resultado de um projeto desenvolvido no programa de residência
artística do SÌM - Samband Íslenskra Myndlistarmanna - na Islândia”.
O
artista realizou, durante um mês, um conjunto de imagens na região
portuária de Reykjavík, capital islandesa, e para esta montagem
selecionou doze fotografias e sete pinturas que fazem parte desta
instalação. “A especificidade da memória embutida no suporte pictórico,
em contraponto com a da imagem fotográfica, foi o ponto de partida para
este projeto intitulado Harbour View”, diz.
Convite ao exercício do olhar
Outra
artista que chegou a Belém para participar da abertura da mostra é
Roberta Dabdab, que iniciou a carreira como assistente de fotografia,
trabalhando para os principais fotógrafos de moda e publicidade atuantes
na época, tornando-se depois fotojornalista (O Estado de S. Paulo,
Jornal da Tarde e Folha de S. Paulo). Foi onde, segundo ela, encontrou
um terreno extremamente propício para o desenvolvimento e aprimoramento
da linguagem fotográfica.
“Primeiramente, quero elogiar e
agradecer os responsáveis pelo Prêmio Diário de Fotografia pela
iniciativa singular de proporcionar aos artistas e pensadores a
possibilidade de apresentar suas ideias para um público novo, numa
experiência, portanto, instigante”, elogia.
A série sem título
apresentada pela artista reflete sobre um paradigma novo para a
fotografia, o momento em que ela se funde com a imagem digital e
mergulha no caldeirão de produção de imagens geradas nesta
contemporaneidade.“Trata-se de uma instalação que busca um entendimento
sobre a memória visual adquirida na relação do espectador através das
associações entre sua síntese, as fotografias esvaziadas de cenas
fotografadas e os textos que narram estas cenas”.
De acordo com
ela, a ideia é desautomatizar os olhares e criar uma linguagem capaz de
desenvolver uma memória cognitiva a partir das referências de cor e
forma. “Isso parte do pressuposto de que com um mundo ‘hiper imagético
cheio de informações’ precisamos aprender a reduzir, a buscar sínteses e
a nos permitir voltar a exercitar a imaginação. O trabalho opera numa
espécie de jogo com imagem e texto”, conclui Roberta.
O paulista
Fábio Messias Martins de Souza e Marian Starosta também participam do
lançamento, logo mais. Ela, que vem trabalhando com fotografia desde
1982 e com vídeo desde 1985, já foi coordenadora de Artes Visuais na
Casa de Cultura Mario Quintana, em Porto Alegre, do Governo do Estado do
Rio Grande do Sul, e já organizou eventos e exposições de arte.
Os
demais trabalhos da exposição têm assinaturas de Alberto Bitar (PA),
Ana Emília Jung (Milla Jung) (PR), Coletivo Cêsbixo (PA), Érico Toscano
Cavallete (SP), Fabio Okamoto (SP), Fernando Bohrer Schmitt (SP),
Gabriela Lissa Sakajiri (SP), Gordana Manic (SP), Isabel Maria Sobreira
de Santana Terron (SP), Lívia Afonso de Aquino (SP), Marian Wolff
Starosta (RJ), Renato Chalu Pacheco Huhn (PA), Romy Pocztaruk (RS), Tuca
Vieira (SP), Vanja von Sek (PA) e Wagner Yoshihiko Okasaki (PA).
Circuito
Amanhã,
às 19h, no Museu da UFPA, será aberta ao público a exposição “Para ter
de onde se ir”, de Miguel Chikaoka, artista convidado deste ano. A
programação inclui ainda oficinas, mini-cursos e bate-papos com artistas
De
02 a 06 de abril será realizado o mini-curso “Uma introdução à história
do livro fotográfico”, com Joaquim Marçal Ferreira de Andrade -
pesquisador da Divisão de Iconografia/Fundação Biblioteca Nacional e
professor adjunto de fotografia da PUC-Rio.
Em maio, será
realizada a oficina “Ensaio - resumindo uma ideia”, com Octávio Cardoso,
de 14 a 24. A atividade vai desenvolver dois ensaios fotográficos tendo
como objetivos editá-los em uma página de jornal, cada um. Octávio vai
dividir a turma em dois grupos de seis fotógrafos cada, que em seguida
sairão a campo. No intervalo de dez dias haverá dois encontros
intermediários para discussão e avaliação, com a participação de um
designer gráfico para a montagem das páginas.
Prestigie
III
Prêmio Diário Contemporâneo de Fotografia. Abertura da mostra hoje, às
19h, no Museu Casa das Onze Janelas (Cidade Velha). Entrada franca.
Amanhã, vernissage da exposição “Para ter de onde se ir”, de Miguel
Chikaoka, a partir das 19h, no Museu da UFPA (Gov. José Malcher, c/
Generalissimo). Realização do jornal Diário do Pará. Patrocínio da Vale e
Governo do Estado do Pará. Apoio Espaço Cultural Casa das Onze Janelas -
SIM /Secult-PA, Museu da UFPA, Sol Informática e nstituto de Artes do
Pará. Informações: 3184-9327 / 8128-7527. (Diário do Pará)
Fonte: http://www.diariodopara.com.br/N-153351-III+PREMIO+DIARIO+CONTEMPORANEO+ABRE+EXPOSICAO.html
Nenhum comentário:
Postar um comentário