terça-feira, 3 de abril de 2012

III Prêmio Diário Contemporâneo abre exposição

Foram quase 300 inscrições vindas de 18 Estados e de mais de 40 cidades do país. A mostra Prêmio Diário Contemporâneo de Fotografia, lançado em 2010, chega à sua terceira edição consolidando-se como um grande painel da nova fotografia brasileira. A abertura, reunindo obras de três artistas premiados e mais 20 selecionados, ocorre hoje, a partir das 19h, na Casa das Onze Janelas. Amanhã será aberta a exposição “Para ter de onde se ir”, do artista convidado Miguel Chikaoka, no Museu da UFPA.

O Prêmio Memórias da Imagem, tema que norteia o salão este ano, ficou com o Coletivo Garapa, de São Paulo. A fotógrafa paulista Ilana Lichtenstein foi contemplada com o Prêmio Diário Contemporâneo e o paraense Lucas Gouvêa arrebatou o Prêmio Diário do Pará. Eles estarão presentes na cerimônia de abertura, quando receberão prêmios no valor de R$10 mil, cada. Além da mostra, o evento traz ainda uma extensa programação de palestras e oficinas que têm como objetivo discutir a fotografia contemporânea no país.

“A fotografia contemporânea pode ser tudo que o artista considerar como tal para o seu uso: e não só diferentes suportes de movimento, volume e etc., como também o próprio conteúdo gerado pela fotografia ‘moderna’ ou ‘clássica’, que pode ser absorvido e vivificado mais uma vez. São camadas que se misturam, somam, não esmagam uma à outra”, diz Ilana Lichtenstein.

Para Paulo Fehlauer, do Coletivo Garapa, a característica mais marcante da fotografia contemporânea é não estar restrita a campos específicos. “Nos nossos projetos, buscamos sempre trabalhar o diálogo da fotografia com outras linguagens, como o vídeo e a literatura. Estamos interessados nesse hibridismo que expande o campo fotográfico”.

O projeto é uma realização do jornal Diário do Pará e conta com o patrocínio da Vale e Governo do Estado do Pará e apoio do Espaço Cultural Casa das Onze Janelas do Sistema Integrado de Museus/Secult-PA, do Museu da UFPA, da Sol Informática e do Instituto de Artes do Pará.

Artistas prestigiam mostra

O paraense Lucas Gouvêa concorda com Lichtenstein. Para ele, que participa pela primeira vez do Prêmio, nenhum conceito define a produção contemporânea. “A fotografia hoje define o mais plural significado da reprodutibilidade, se encontra em todos os lugares, nos celulares, nos outdoors, nos documentos, na televisão, nos rituais humanos. E a contemporaneidade está fatalmente ligada ao tempo, todo artista é contemporâneo, ao seu tempo, à sua existência. Talvez o primeiro fotógrafo contemporâneo, tenha sido Platão, quando escreveu sua Alegoria da caverna”, sugere.

PRESENÇA

Além dos premiados, estão em Belém fotógrafos e artistas visuais que tiveram obras selecionadas para a exposição. As cariocas Patrícia Gouvêa e Isabel Löfgren, por exemplo, apresentam duas obras “Rotas de Fuga” e “Lécture sur L’herbe”. Aprimeira se constitui de um vídeo em três canais. A outra é formada por uma instalação que conjuga vídeo e fotografia.

“Nestes dois trabalhos, realizamos ações efêmeras que reconfiguram o uso do Jardim da República, no Rio de Janeiro, como local de passagem ou de repouso pelos frequentadores. Ora carregamos e trocamos de mãos uma mala antiga pelas aléias dos jardins, ora permutamos livros retirados desta mesma mala sobre o gramado. A mala é outro elemento importante neste projeto, um receptáculo de memórias, desejos e referências”, explica Patrícia, que está em Belém. Ela é fundadora-diretora do Ateliê de Imagens Espaço Cultural (RJ), onde está em cartaz a exposição ‘Symbioses’, da artista visual paraense Roberta Carvalho, premiada no ano passado pelo Diário Contemporâneo.

Pedro Hurpia, que também participa da abertura da mostra, é Bacharel em Artes Visuais pela Unicamp e tem diversos prêmios recebidos em mostras e salões paulistas. “Esta instalação que estou apresentando no Diário Contemporâneo consiste num resultado de um projeto desenvolvido no programa de residência artística do SÌM - Samband Íslenskra Myndlistarmanna - na Islândia”.

O artista realizou, durante um mês, um conjunto de imagens na região portuária de Reykjavík, capital islandesa, e para esta montagem selecionou doze fotografias e sete pinturas que fazem parte desta instalação. “A especificidade da memória embutida no suporte pictórico, em contraponto com a da imagem fotográfica, foi o ponto de partida para este projeto intitulado Harbour View”, diz.

Convite ao exercício do olhar

Outra artista que chegou a Belém para participar da abertura da mostra é Roberta Dabdab, que iniciou a carreira como assistente de fotografia, trabalhando para os principais fotógrafos de moda e publicidade atuantes na época, tornando-se depois fotojornalista (O Estado de S. Paulo, Jornal da Tarde e Folha de S. Paulo). Foi onde, segundo ela, encontrou um terreno extremamente propício para o desenvolvimento e aprimoramento da linguagem fotográfica.

“Primeiramente, quero elogiar e agradecer os responsáveis pelo Prêmio Diário de Fotografia pela iniciativa singular de proporcionar aos artistas e pensadores a possibilidade de apresentar suas ideias para um público novo, numa experiência, portanto, instigante”, elogia.

A série sem título apresentada pela artista reflete sobre um paradigma novo para a fotografia, o momento em que ela se funde com a imagem digital e mergulha no caldeirão de produção de imagens geradas nesta contemporaneidade.“Trata-se de uma instalação que busca um entendimento sobre a memória visual adquirida na relação do espectador através das associações entre sua síntese, as fotografias esvaziadas de cenas fotografadas e os textos que narram estas cenas”.

De acordo com ela, a ideia é desautomatizar os olhares e criar uma linguagem capaz de desenvolver uma memória cognitiva a partir das referências de cor e forma. “Isso parte do pressuposto de que com um mundo ‘hiper imagético cheio de informações’ precisamos aprender a reduzir, a buscar sínteses e a nos permitir voltar a exercitar a imaginação. O trabalho opera numa espécie de jogo com imagem e texto”, conclui Roberta.

O paulista Fábio Messias Martins de Souza e Marian Starosta também participam do lançamento, logo mais. Ela, que vem trabalhando com fotografia desde 1982 e com vídeo desde 1985, já foi coordenadora de Artes Visuais na Casa de Cultura Mario Quintana, em Porto Alegre, do Governo do Estado do Rio Grande do Sul, e já organizou eventos e exposições de arte.

Os demais trabalhos da exposição têm assinaturas de Alberto Bitar (PA), Ana Emília Jung (Milla Jung) (PR), Coletivo Cêsbixo (PA), Érico Toscano Cavallete (SP), Fabio Okamoto (SP), Fernando Bohrer Schmitt (SP), Gabriela Lissa Sakajiri (SP), Gordana Manic (SP), Isabel Maria Sobreira de Santana Terron (SP), Lívia Afonso de Aquino (SP), Marian Wolff Starosta (RJ), Renato Chalu Pacheco Huhn (PA), Romy Pocztaruk (RS), Tuca Vieira (SP), Vanja von Sek (PA) e Wagner Yoshihiko Okasaki (PA).

Circuito

Amanhã, às 19h, no Museu da UFPA, será aberta ao público a exposição “Para ter de onde se ir”, de Miguel Chikaoka, artista convidado deste ano. A programação inclui ainda oficinas, mini-cursos e bate-papos com artistas

De 02 a 06 de abril será realizado o mini-curso “Uma introdução à história do livro fotográfico”, com Joaquim Marçal Ferreira de Andrade - pesquisador da Divisão de Iconografia/Fundação Biblioteca Nacional e professor adjunto de fotografia da PUC-Rio.

Em maio, será realizada a oficina “Ensaio - resumindo uma ideia”, com Octávio Cardoso, de 14 a 24. A atividade vai desenvolver dois ensaios fotográficos tendo como objetivos editá-los em uma página de jornal, cada um. Octávio vai dividir a turma em dois grupos de seis fotógrafos cada, que em seguida sairão a campo. No intervalo de dez dias haverá dois encontros intermediários para discussão e avaliação, com a participação de um designer gráfico para a montagem das páginas.

Prestigie

III Prêmio Diário Contemporâneo de Fotografia. Abertura da mostra hoje, às 19h, no Museu Casa das Onze Janelas (Cidade Velha). Entrada franca. Amanhã, vernissage da exposição “Para ter de onde se ir”, de Miguel Chikaoka, a partir das 19h, no Museu da UFPA (Gov. José Malcher, c/ Generalissimo). Realização do jornal Diário do Pará. Patrocínio da Vale e Governo do Estado do Pará. Apoio Espaço Cultural Casa das Onze Janelas - SIM /Secult-PA, Museu da UFPA, Sol Informática e nstituto de Artes do Pará. Informações: 3184-9327 / 8128-7527. (Diário do Pará)

Fonte: http://www.diariodopara.com.br/N-153351-III+PREMIO+DIARIO+CONTEMPORANEO+ABRE+EXPOSICAO.html

Nenhum comentário:

Postar um comentário